Sobre o luto
- Sara Neves
- 29 de jun. de 2021
- 2 min de leitura
Não há dores iguais, cada pessoa sofre e processa a morte (ou qualquer outra perda – um namorado, um emprego, uma parte de si) de forma absolutamente singular.
Já toda a gente ouviu falar do processo de luto e das suas fases: Negação (“Ainda não acredito…”); Raiva (que pode ser externa “A vida é tão injusta”, ou interna “Devia ter feito alguma coisa” – a culpa de sobrevivente); Negociação (“Se tivesse sido qualquer outra pessoa!”); Depressão – que é a fase em que efetivamente nos entristecemos, choramos a perda, concretizamos a separação e nos reorganizamos –; por fim a Aceitação.
É natural e importante passar por cada uma destas fases, e permitir-se, no seu próprio ritmo, ir experienciando as diferentes emoções que cada estágio implica. Como psicoterapeuta, tipicamente fico mais alerta quando o paciente não se está a permitir contactar com as emoções e permanece apático, do que quando chora desconsoladamente. Não interpretem que a apatia é errada – importante, é perceber se não serão outros processos internos a inibir essa experiência (mas isto já é outra conversa).
Viver o luto pode ser confuso, para o próprio e para os que o rodeiam. Idealmente o que se quer é passar por todos os estágios e defini-los, ir limpando a fantasia, raiva e culpa, e chegar à tristeza. É preciso ter paciência e apoiar incondicionalmente cada fase do enlutado.
Efetivamente o que podem fazer? Permitir-se sentir tudo isto, conectar-se aos outros e permitir o seu apoio, e tomar conta de vós próprios – seja ler, tomar banho, criar arte (extremamente terapêutico), dormir as horas suficientes, ter uma alimentação saudável ou fazer exercício físico de forma regular!
Em qualquer altura podem pedir a ajuda de um profissional, mas não se preocupem com a tristeza “extrema”, pois o luto patológico não tem “data” para ser diagnosticado, e cada pessoa vai demorar o tempo que precisar para processar a perda.
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