Drop out
- Sara Neves
- 10 de out. de 2021
- 2 min de leitura
Drop out é o conceito usado para nomear o abandono prematuro do processo psicoterapêutico por parte do cliente, ou seja, que decidiu unilateralmente parar o tratamento antes de alcançar os objetivos terapêuticos, sem mútuo acordo com o terapeuta.
Na opinião popular, é fácil atribuir a culpa do drop out ao terapeuta. Facilmente se ouvem coisas como “ando lá há uma data de tempo a falar e não resolve nada”. No entanto, é comum também terem expectativas de cura irrealistas. A psicoterapia envolve motivação e energia por parte do cliente: um psicólogo não faz magia! Por mais que queira tirar o sintoma o mais rapidamente possível para proporcionar o máximo bem-estar ao cliente, tal não acontece (até porque sintoma muitas vezes é mecanismo de defesa, e se sai rápido, maior desorganização e desespero – mas isso são outras conversas). Portanto a expectativa que após algumas sessões estarão “curados”, não é realista. Além disso, como vos tenho dito, há variadíssimas abordagens psicoterapêuticas: uma pode resultar para um cliente e outra não, ou pode demorar mais tempo a “entrar no ADN”. É verdade que a sensação de bem-estar pode demorar a instalar-se, e isso pode querer dizer que a abordagem terapêutica não é a ideal, ou que o cliente não está disponível para a mudança, e está tudo certo.
É duro para um terapeuta digerir um drop out. Normalmente fazer supervisão com terapeutas mais experientes ajuda a entender o que correu menos bem e o que pode ser feito para colmatar lacunas profissionais, confiando que se fez o melhor que se pôde. Eu confio que mesmo um processo terapêutico que não tenha sido levado ao fim, terá impacto tanto no cliente como no terapeuta: importa saber digerir os seus elementos.
O ideal é que o fim do processo seja um mútuo acordo, inclusive, uma tarefa terapêutica! Mesmo assumindo que aquela abordagem não está a ser eficaz ou que a aliança terapêutica não é suficientemente forte: preservar a vontade do cliente em continuar com o seu trabalho pessoal, mesmo que com outro terapeuta!
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