top of page

Dizer que existe uma pessoa sem absolutamente nenhuma neurose.. é mentira!

Quem me conhece pessoal ou profissional, sabe que quando falo de neurose, falo de forma carinhosa. Toda a gente as tem, todos os meus pacientes, os meus significativos, psicólogos e eu própria! Pontualmente gosto de falar de mim, para que se saiba que nem os psicólogos, que “deviam ter tudo resolvido ou compreendido”, também são pessoas, que também têm feridas e angustias. Em absoluta opinião pessoal, um bom psicólogo sempre será curioso e todos os dias, até mesmo com pacientes, irá conhecer mais uma neurose, e irá ter curiosidade para descobrir o que dói e aliviar. Naturalmente já deverá ter muita terapia pessoal.

Hoje escrevo, passados muitos meses, inspirada. Inspirada em vários pedidos de acompanhamento e em pedidos de opinião.. prato do dia quando um psicólogo revela a sua profissão J

Muitas pessoas, estão preocupadas porque têm uma loucura qualquer (outro termo carinhoso), a que chamam de problema. Imagino que vão buscar esta ideia de opiniões alheias.. pais quadrados, parceiros narcísicos, publicações de influencers na media, eu sei lá! E a primeira coisa que eu pergunto é: isso prejudica a tua vida? Não dormes 7 noites seguidas por causa desse problema? Prejudicas seriamente as relações à tua volta? Esqueces-te de ir buscar os teus filhos à escola várias vezes? Não vais trabalhar? Não comes? Isso compromete a tua integridade física e bom funcionamento?

Dificilmente me vão ouvir falar de doença psiquiátrica, precisamente porque para se diagnosticar uma, tem de prejudicar gravemente a tua vida! A maioria das vezes são pequenas neuroses, padrões de comportamento/emocionais, tendências antigas. É verdade que hoje nos podem prejudicar, então bora lá ver de onde vem isso: como aprendemos a fazer isto, o que precisamos mesmo e qual a melhor maneira de a conseguir! Felizmente mesmo para a doença psiquiátrica também há esperança, além de medicação – quando é francamente necessário! – também há psicoterapia!! O que quer que façamos hoje, mesmo que nos prejudique e aos outros, tem uma razão de existir, e habitualmente foi a melhor forma que arranjamos para sobreviver, ou neste caso lidar com dor. E é esta uma das primeiras tarefas terapêuticas, desenvolver compaixão por nós próprios, que não sabíamos fazer melhor. Depois sim, podemos decidir se perpetuamos o comportamento, ou se mudamos a abordagem para satisfazer convenientemente as nossas necessidades.

Um assunto semelhante, mas com um principio diferente é o caso de um pai que leva o filho ao psicólogo porque tem um problema – começou a mentir, tira macacos do nariz, bate nos outros meninos… mas isto são conversas para outro dia!

Eu tenho plena consciência que não sei tudo. Bem gostava, mas não vou nem a 10% do que se sabe da psique humana! Mas sei umas coisas, e sempre com uma atitude humilde e flexível, escrevo para aqueles que não conseguem fazer um acompanhamento – seja porque é dispendioso, porque ainda não estão disponíveis emocionalmente para processar dor ou porque não sentem compaixão pelo que não sabiam fazer melhor. Espero que gostem!

 
 
 

Comments


Commenting on this post isn't available anymore. Contact the site owner for more info.
  • Preto Ícone Instagram
  • linkedin
  • facebook
  • logo-doctoralia-turquoise-rgb_edited
bottom of page